quarta-feira, 18 de maio de 2011

Portugal moribundo...


Estou a perder a confiança. A confiança nos "governos", a confiança nos políticos que orbitam à volta do dinheiro e que, quando deixam os cargos, ficam com gordas contas bancárias em paraísos fiscais.


Estou farto de arcar com a responsabilidade e as consequências de actos políticos desastrosos e depois ver quem os cometeu saír ileso e continuar a auferir vencimentos obscenos pagos por mim e por todos aqueles que não podem fugir à enorme carga fiscal.


Estou desiludido com a autoproclamada "raça lusitana" (na qual me insiro) que age como as reses que caminham para o abate - cabisbaixa e resignada. Quando ouço falar no "orgulho nacional" fico a pensar a que orgulho nos referimos - o orgulho de sermos o ultimo País da Europa, o orgulho de devermos dinheiro que, muito provavelmente não conseguiremos pagar, o orgulho de entrar num hipermercado e preferir os produtos espanhóis "porque são melhores e mais baratos". O orgulho de "oferecermos" o Rendimento Social de Inserção quase indiscriminadamente protegendo uma camada da população que não quer trabalhar (embora seja necessário para aliviar situações de verdadeira miséria mas que tem de ser comprovada).

Estou farto de ver sucessivos governos esbanjarem dinheiro como se fossemos o mais abastado país da Europa e desfalcarem um estado que já só com balões de soro é que tem aguentado.

Apelamos à compreensão e à ajuda externa mas passamos uma imagem de abastança. Apesar de uma crise instalada e grave, milhares de portugueses deslocaram-se a Dublin para assistir a um jogo de futebol. Os concertos musicais (alguns bem caros) esgotam em segundos e eu não consigo entender... de onde vem tanto dinheiro?

Os rectângulos de plástico que os bancos nos enfiam pela boca abaixo deixam famílias atoladas em créditos que não vão conseguir pagar, iludidas com a facilidade de compra de bens que não precisam e até... férias! Como é possível que as cabecinhas de alguns portugueses os deixem atolar em dívidas astronómicas para terem um mês de férias "à grande"?

Para férias??? Ao que é que chegámos? E são estas mesmas pessoas que se insurgem contra o aumento de 3 cêntimos nos bens de consumo diário...

Estou desiludido com a raça lusa. Sempre que vou ao Facebook vejo grupos de apoio a Portugal e a apelar ao patriotismo. É bonito, mas é com atitudes de esbanjamento e ostentação que lá vamos? Penso que não.
Todos os dias me desloco de comboio para o emprego. Deixo o carro em casa e vou de transportes. É cómodo, económico e rápido. Não consigo entender a "carrada" de carros que entopem os nossos acessos a Lisboa que, em marcha de pára-arranca consomem litros de combustível caríssimo para depois passarem o dia estacionados à porta do emprego a consumir parquímetro. Depois vejo os utilizadores destes veículos à hora do almoço a comerem uma sandes e uma sopa para poupar... que prioridades são estas???

Tem de ser feita alguma coisa para mudar. Mudar atitudes, mudar rotinas políticas, MUDAR! Radicalmente. Alguma coisa tem de ser feita. Estamos no fundo e estamos a ignorar este facto. Foi muito bonito o vídeo feito para chamar a atenção da Finlândia e até temos razão em algumas coisas mas será que estamos todos inocentes com a "desgraça que se abateu sobre Portugal?" Será que não somos todos culpados de levar vidas além das nossas posses e de tentar dar uma imagem de abastança que não temos?

Estou na fase final da minha vida profissional (ou pelo menos pensava que estava) e temo seriamente pelo futuro da classe jovem deste País. Construir vida numa terra que não tem forma de apoiar os seus jovens vai ser duro. Acredito que a vontade de mudar venha dos jovens mas eles têm de tomar consciência das medidas duras que vão ser tomadas e sair da letargia sistemática e do conformismo nacional.

Tenho muito receio que o dinheiro que Portugal vai receber para se recuperar seja mal utilizado. Temo pela incapacidade da classe política que nos vai governar em gerir honesta e racionalmente esse dinheiro que vai ser pago muito caro por mim e todos os outros portugueses que vivem do seu trabalho.

Temos de ser produtivos? Onde??? Na agricultura e pescas? Não pode ser porque destruímos a capacidade de subsistência de ambos os sectores. No comércio? Onde? O comércio tradicional português está morto ou moribundo, situação que se vai agravar com a baixa do poder de compra. Na indústria? de quê? A quantidade de fábricas a fechar é assustadora gerando a maior fatia do desemprego!

Os debates televisivos entre os candidatos ao governo são um descalabro. Existe uma preocupação doentia na agressão verbal que impede a união imprescindível para tirar o país desta situação grave. Estamos a dias das eleições e não sei em quem votar... é verdade. São sempre os mesmos protagonistas da mesma novela cujo final não é nunca, feliz.

Portugal está a desmembrar-se e temo que a Nação Valente de Alfredo Keil seja transformada em Nação Decadente...

Pessimismo ou realismo? Vamos ver!

Nota do Autor:
A temática habitual deste Blog prende-se com o Karate e actividades relacionadas onde a presente postagem não se insere. Resolvi fazer aqui esta reflexão porque ela representa a minha forma pessoal de encarar a grave situação em que estamos e que a todos afecta. O sector do Desporto será um dos mais afectados por esta crise porque é aqui que se entende ser "mais fácil cortar nas despesas", logo não foge a este estado de coisas. Pode parecer uma visão algo pessimista e radical mas é garantidamente, a minha posição pessoal.
Saudações a todos!





sexta-feira, 6 de maio de 2011

O "tabu" da competição.

Ao longo da minha vida tenho tomado posições, fruto das minhas fortes convicções, que têm ditado a minha conduta. Sou treinador (ou instrutor, como queiram) de karate há alguns anos. Pela minha mão têm passado muitos karatekas.
Todos aqueles que iniciam a sua carreira no karate desconhecem o que vão encontrar. As motivações para a procura desta disciplina são diversas: Uns querem aprender a defender-se, outros querem ganhar autoconfiança e disciplina, outros ainda querem praticar um desporto que gostam.
Na minha "escola" aprende-se karate não-competitivo. Não só não estou vocacionado para ensinar esta parte do karate, como não gosto! Sou muitas vezes confrontado com a questão da "obrigatoriedade" de ensinar competição. Simplesmente não existe essa obrigatoriedade porque é uma opção. Quem treina comigo sabe disso. Se impeço alguém de o fazer? Claro que não! Não só não impeço como recomendo a quem goste da competição e queira fazer dela o seu treino diário, que treine com outro instrutor. É uma opção. Não estou em "guerra" com a competição, aliás participo em algumas tanto na organização como treinador - ocasionalmente. Não quero nem vou dedicar grande parte do meu trabalho à competição porque, para mim, não é karate na sua essência. Têm dúvidas do que digo? então assistam à execução de uma kata de competição e depois de uma kata executada com forma tradicional. As diferenças são abismais. Começa pela intenção da execução (treinar para o ponto é diferente de treinar para a eficácia) e passa pelos truques de execução para "embelezar" a forma. No kumite temos outro problema: Levo a vida inteira a ensinar a correcta execução de um Shuto, de um Nukite, de uma chave de imobilização, de um estangulamento controlado etc... para depois dizer a um karateka - Esquece aquilo que treinaste porque aqui só fazes gyaku-tsuki, mae-geri, mawashi-geri e pouco mais.
Se concordo com a competição? Concordo, sim senhor - por curtos períodos da vida do karateka. É uma fase importante nas suas vidas. Essencial? Não, não acho que seja. Tenho vários Dan´s no meu Dojo. Todos fizeram exame de graduação orientados por mestres de incontestável competência. Todos foram aprovados sem problemas e alguns sem terem sequer passado pela competição.
Não entendo porque é que causa tanto transtorno a algumas pessoas quando digo que não gosto de competição.
Há algum tempo, em conversa com um amigo de longa data, caiu-se no tema da religião e da sua importância na vida das pessoas. Ao confessar-lhe que não sou adepto de nenhuma religião, o homem transformou-se. A conversa daí para a frente tomou um rumo completamente diferente. A todo o custo tentou converter-me alegando todo o tipo de "razões". Continuei dizendo-lhe que, a minha convicção era aquela mas que respeitava integralmente a sua opção religiosa, disse-lhe inclusive que reconhecia na sua religião (tanto como na maioria delas) algumas virtudes, mas que eu... não tinha opção religiosa, como não tenho. O que me chocou foi a falta de abertura daquele indivíduo que não aceitou de forma alguma o facto de não ter religião. A sua atitude mudou completamente ficando inclusivamente chocado por não ter dado educação religiosa aos meus filhos, o que é verdade, mas também é verdade que nunca os impedi de a ter. Tive dificuldade em fazer-lhe compreender que, ser ateu não é ser contra qualquer religião... é simplesmente não se rever nela.
Isto é um pouco similar com o que se passa quando manifesto o minha pouca afinidade com a competição.
Na meu post anterior só referi o assunto para explicar a "utilidade" da Federação, e volto a dizê-lo: tirando o seguro desportivo e a necessidade de Cursos de Treinador... não, não vejo mais nada. Gostaria que a federação me fizesse mudar de opinião mas não vejo a coisa encaminhada por aí.
Saudações a todos, e bom fim de semana!

domingo, 1 de maio de 2011

As Federações e o seu papel na sociedade...

Ao acabar de ler o último post do meu amigo Armando inocentes sobre as Federações, não pude deixar de meditar um pouco sobre o papel da "nossa" federação no panorama do Karate "geral".
Todos temos consciência que o papel da Federação, real, é promover e defender a vertente competitiva do Karate. Aqui, a meu ver, é a redução que se tende a usar no Karate, ao compará-lo a outros desportos. O Karate é uma actividade física muito complexa e que envolve muitos componentes que não existem noutros desportos.
Ninguém pratica futebol sem competir porque o futebol é unicamente competição - só se joga para ganhar ao adversário . ponto final. Isto não acontece no karate. Grande parte dos instrutores (e ao que parece são cada vez mais) desilude-se com a competição. Se há muitos que fazem desse mundo a sua vida treinando apenas competidores, muitos há que "resistem" a entrar nessa vida. Eu estou incluído nestes últimos - para mim a competição é "um mal necessário" passo a expressão. Compreendo que a "montra" de alguns Dojos seja o rótulo de "fábrica de campeões" e que com isso obtenham a satisfação que precisam do karate. Para mim isso não tem expressão. A Federação tem um papel dominante nesta face do karate. A Federação "respira" competição e enfia-nos competição pela cabeça dentro - até nos cursos de treinador onde a palavra de ordem é - Por favor levem os "putos" a competir porque é fundamental.
Não acho que seja fundamental, não é certamente fundamental. Pode até ter alguma importância mas não é definitivamente fundamental.
No meu caso a Federação serve apenas um propósito - ter um seguro desportivo rápido e fácil de subscrever - porque não faço competição. Sou treinador de Nível 1 e reconheço aqui publicamente que aprendi bastante no curso mas fui obrigado a "purgar" a competição da matéria que dei. Até nas acções de formação estamos constantemente a "levar" com o "fundamental da competição".
Já dou aulas há muito tempo e formei vários Cintos Negros sempre sem dar muita importância à competição. "Se não envolverem os vossos alunos na competição, mais tarde ou mais cedo eles vão-se embora!" - ouvi isto no curso de Treinador. Pois bem... a maior parte dos meus alunos treina comigo desde criança e mantêm-se a treinar comigo. É totalmente falso este conceito. O Karate vive bem sem competição - é aliás uma forma de os manter afastados da falsa ideia de campeão que se exibe constantemente.
Quando ouço alguns a dizer que formaram vários campeões eu digo que formei vários karatekas - e pergunto: Daqui a alguns anos quais os que se mantém campeões e quais os que se mantém karatekas? - O karate é para a vida e a competição é para apenas alguns anos dessa vida.
Não tenho um único aluno que não esteja federado - ao contrário de muitos que vivem da competição e vão, à pressa, inscrever alunos na FNK-P para poderem participar em provas, no entanto, utilizam muito mais eles a "imagem" da FNK-P do que eu.
Qual é o resultado desta situação? Estes são muito "conhecidos" no "mundo do karate" e eu não. Uma grande parte dos karatekas mais velhos nem me conhece... nem tem muita importância este facto porque também não ando à procura de "conhecimentos" mas essencialmente é porque não faço "campeões".
Reconheço o valor incontestável da competição no karate, não me interpretem mal, o que acontece é que não me revejo nela, no entanto estou federado e todos os meus alunos também... se tenho alguma vantagem nisso? ainda estou a tentar perceber se tenho...

HOSHIN-DO PORTUGAL

HOSHIN-DO PORTUGAL
CLUBE DE KARATÉ E DEFESA PESSOAL

HOSHINDO PORTUGAL

O Hoshin-Do Portugal - Clube de Karaté e Defesa Pessoal, foi criado com a finalidade de promover a prática do Karaté Goju-Ryu e da sua vertente de Defesa Pessoal.
Tem a sua sede na
Rua do Amor Perfeito, Nº 23 - 2745-717 Massamá
Os seus Instrutores são:

José Ramalho - 4º Dan
Nuno Santos - 4º Dan
Rui Catarrinha - 3º Dan
Joana Perdiz - 2º Dan