domingo, 19 de julho de 2009

Memórias...

Hoje, durante o meu passeio matinal de bicicleta, passei por Queluz e parei junto ao Lido. Parei e contemplei aquele que foi um dos melhores cinemas do País e que faz parte do meu imaginário. Há uns anos atrás haviam dois cinemas na Amadora - Os Recreios da Amadora e o Lido. O primeiro, no centro da cidade era onde se via cinema de forma mais "económica", o Lido era o cinema dos "ricos" onde o cartaz exibia sempre as grandes estreias e onde se fazia fila para adquirir um bilhete e por vezes se sofria a desilusão de não poder ver o filme por estar já esgotado.
Ir ao Lido era o ritual do fim de semana. Centro Comerciais não existiam e as diversões eram muito poucas. Difícil era também o transporte - carro particular era um por familia quando era. Então, apanhava-se a camioneta que parava perto do cinema ou então tinha-se um grande (e saudável) passeio a pé. Isto porque ainda se podia saír á noite em segurança, o que seria impensável agora.
O Bar do cinema era espectacular - beber uma cerveja ou tomar um café no intervalo era quase obrigatório. No átrio, de copo ou chávena na mão, discutia-se o filme e apreciava-se o trabalho dos actores. Convivia-se. Ao toque, dirigia-se toda a gente para a sala para retomar o filme. No final, á saída, só se ouviam comentários sobre o filme que se acabara de ver e a excitação era enorme. Cumpria-se mais uma vez aquele agradável ritual.
Devido á enorme procura, foi acrescentada uma sala - O Cinestúdio Lido - mesmo ao lado da sala original e, tal como esta, estava sempre cheia.
Depois, aparece o VHS e todos sabemos o que aconteceu - a afluência diminuiu até se tornar escassa - a morte anunciada do Cinema de Sala. O convivio dos cinemas foi substituido pelo conforto do sofá em casa, onde bastava colocar a cassete no videogravador e assistir ao filme cómoda e económicamente. Mas não era a mesma coisa. O ambiente da sala de cinema é insubstituível. A dimensão das imagens e a pureza do som aliados á ambiência de uma sala cheia de gente ansiosa por passar algumas horas de diversão, não são comparáveis á solidão de uma sala de estar por muito confortável que seja.
Mas o inevitável aconteceu - As salas de cinema tinham tido o seu fim. O "velho" Lido sucumbiu á força da indústria do VHS e mais tarde, do DVD. Entretando o Cinestúdio foi comprado por uma das novas Igrejas que se desenvolveram em Portugal e perdeu a sua identidade.
Aquele que era um percurso obrigatório e frequente dos amadorenses deixou de o ser. Os automóvies que outrora se aglomeravam no pequeno parque de estacionamento do Cinema em busca de um lugar raro, passam agora ao largo sem se deteram por não haverem razões para tal - é que o Lido foi vitima, qual golpe de misericórdia, de um incêndio que lhe consumiu as entranhas deixando-o moribundo. A fachada que noutros tempos ostentava os cartazes coloridos dos melhores filmes, está agora enegrecida e descascada. A degradação do edifício é tal que dá dó olhar para ele.
Hoje, parado á frente deste símbolo da minha juventude, não pude deixar de sentir tristeza. Apesar do Cinema de sala estar hoje recuperado e de se ter de esperar para ver um filme ansiado por estar esgotado, o Lido já não se levanta. Morreu. É uma cicatriz que desfeia a Cidade. Tenho pena que as entidades responsáveis pelo património da Amadora ignorem esta situação e que deixem o Lido entregue á sua sorte.
Montei de novo a bicicleta e pedalei virando as costas aquele que foi um Cinema colossal. As imagens da minha juventude ligadas aquele espaço passaram pela minha mente deixando-me entristecido. Os Centros Comerciais reclamam agora a afluência de pessoas que, por uma questão de grande comodidade, lá se deslocam e, por vezes, passam o dia. Um dia, talvez, alguém passará á frente de uma Grande Superfície Comercial em ruínas e sentirá aquilo que hoje senti - pena e tristeza pela degradação a que se deixam chegar símbolos dos tempos.
Será que estou a ser vitima de um saudosismo estúpido? Talvez sim mas não isso não me impede de sentir tristeza e revolta pela indifrença e pelo desleixo.

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HOSHIN-DO PORTUGAL

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O Hoshin-Do Portugal - Clube de Karaté e Defesa Pessoal, foi criado com a finalidade de promover a prática do Karaté Goju-Ryu e da sua vertente de Defesa Pessoal.
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