Numa iniciativa do departamento de formação da FNK-P,foi levado a cabo este fim de semana na Faculdade de Motricidade Humana, o 1º Congresso de Treinadores de Karaté.
Participei neste Congresso, com o nosso colega António Pedro, e deixo nas linhas seguintes os meus comentários aquele evento.
Primeiro que tudo, é de louvar a organização deste Congresso que reuniu prelectores credenciados nas suas áreas, levando a todos nós temas de bastante pertinência e actualidade.
Com uma plateia cheia de treinadores discutiram-se temas diversos onde destaco o estudo técnico aprofundado dos movimentos do Karaté, as alterações á legislação no que diz respeito á actividade de treinador, os problemas regionais inerentes á competição entre outros. Na minha óptica, a finalidade deste Congresso era responder ás questões mais urgentes que se colocam ao Treinador nos dias de hoje e ajudar a apetrechá-lo com os meios para fazer frente aos problemas comuns com que se deparam no dia a dia.
A presença de alguns "dinossauros" do Karaté Nacional deveria enriquecer o debate e acrescentar a mais-valia da experiência ao mesmo - o que em alguns casos até aconteceu - mas voltou-se a verificar o que se verifica sempre que "o pessoal se junta" especialmente em acções de formação.
Já me começo a enjoar de ouvir constantemente a frase: "eu já ando nisto há.... anos e sei muito bem como isto é!"
Para mim (e reparem que isto é apenas uma opinião pessoal), o facto de se desempenhar a mesma tarefa há um número elevado de anos não faz de nós os unicos conhecedores das matérias. É evidente que a experiência é um factor de elevada relevância mas parece-me haver alguma relutância em aceitar que os tempos mudam e que o que era verdade há três décadas pode não o ser hoje por diversas razões.
Agitar a "bandeira" da idade parece-me ser uma ânsia de reconhecimento público pelo tempo que se tem de Karaté, o que, quando se tem valor, é completamente desnecessário porque esse reconhecimento surge de forma automática pelo trabalho desenvolvido.
Cruzei-me ali com pessoas de grande valor cujo trabalho de alguns acompanhei e reconheço serem pedras basilares do karaté nacional e até, alguns, internacional, pelo que acho desnecessário o "puxar de galões" a que assisti por parte de alguns intervenientes neste debate.
Eu pratico Karaté há 23 anos mas tenho de reconhecer que existem karatekas mais jovens - alguns, meus alunos - com capacidades que nunca tive e nunca terei. Com a minha experiência poderei enriquecer o seu "arsenal" técnico e a partilha de algumas experiências pessoais só trará beneficios.
Gostei da forma como decorreu este Congresso, apesar dos pequenos "conflitos" gerados e gostei da clareza e pertinência dos assuntos tratados.
A carreira do Treinador tem de ser repensada face á legislação nesse sentido que se aproxima e todos teremos de nos adaptar á realidade actual e este Congresso serviu, entre outras coisas, para nos alertar para o facto de que não basta "andarmos nisto há 30 ou 40 anos - temos de evoluir a aderir ás novas tendências e tecnologias, senão corremos o risco de sermos "atropelados" pelo comboio do futuro. Que será uma tarefa difícil, não tenho dúvida, mas o facto de o sabermos já nos aguça o "Zanshin".
